Um blog pessoal para compartilhar ideias com amigos e familiares. Todos os posts de autoria exclusiva do autor, e eventuais citações de terceiros com nomes dos respectivos autores e/ou textos destes em destaque. PauloCCSaraceni

AS PEDRAS NO CAMINHO SÃO UM NOVO CAMINHO

Na mais escura das noites, com o bico do sapato, ele chutou uma pedra no caminho. A pedra voou. 
Voou mesmo, hoje é uma estrela e ilumina como um farol aquela trilha, onde até brotou um pequeno rio, virou uma vereda.
Ele estragou o melhor sapato. — Nada é em vão, disse uma voz no seu coração. 
Então ele voltou a caminhar por ali, e com tanta luz nunca mais tropeçou.
Uma vizinha até contou a ele que também andava por ali, e estranhava que, de repente, aquela estrada tinha se iluminado, intensamente. E que agora a percorria até descalça, molhando os pés nas águas cristalinas que ali passaram a correr. Sem temer as pedras. E que às vezes parava no meio da caminhada só para olhar o intenso brilho de uma estrela que se destacava no céu daquele caminho. 
Ela, a vizinha, quase foi às lágrimas ao revelar que ali passou a ser o único lugar em que ela ouvia os pássaros cantar dentro da noite. 
O dono do sapato estragado entendeu que nenhum sapato teria mais valor do que aquela nova estrada. 
São 23:30 desta sexta-feira, dia 25 de outubro de 2019, vou tirar os meus sapatos para dormir, e lembro da minha neta Isabel que partiu tão cedo, da dor da ausência dela, que não cura. Mas vejo na cabeceira do meu criado mudo a foto da minha outra netinha, Cecília, sorrindo para mim, junto de toda a família que ficou. A dor da saudades se veste, com emoção inigualável, de um conforto do mais puro amor e gratidão.
Boa noite a todos.

ENTRE HERÓIS E VILÕES


Todos sabíamos que as resistências seriam enormes.
Como vencer o poder que se forjou nas barganhas, na corrupção que contaminou o Estado e as instituições desde a fundação da República? 
Era evidente que o sistema (o tal Mecanismo já bem retratado no cinema) em autodefesa, em corporativismo espúrio, iria contra-atacar, e com as mais abjetas ações típicas do crime, via da infâmia, da ameaça,  da perseguição, tentando destruir reputações de instituições e pessoas que lhes deflagrassem esta guerra inédita.
E o primeiro tiro só poderia vir pela suprema coragem de agentes da Lei, em defesa da fé republicana, da Justiça e da Ética.
Até então as instituições republicanas dormiam a inércia do sonho impossível, capturadas por um Estado imerso e escravo do patrimonialismo de grupos, alguns dinastias familiares.
As rotinas se reproduziam sem jamais mexer com o andar de cima, intocável.
Covardia? Não! As redes de influência submetiam a segurança e independência institucional, e firmavam um pacto político de impunidade entre si e instrumentalizam os centros de poder para garantia dos assaltos contumazes ao erário. Bendita Constituição de 88 com as garantias de independência plena ao Ministério Público e à Justiça! Bendita estrutura e vocação das nossas Polícias, muitas ainda padecendo da real autonomia, que se atiraram com a própria vida nesta tarefa!
O inimigo sempre teve muito, e a histórica impunidade a seu favor, os próprios agentes da Lei temiam até a pouca companhia e solidariedade nesta brutal e desproporcional luta, pois a sobrevivência dos seus postos como que impunha ignorar o próprio dever e coragem.
Houvesse o primeiro tiro, repito, viria de uma improvável confluência de suprema coragem com um arrebatamento temerário, estes gestos que forjam os grandes mártires — seria bom que não precisássemos de heróis, mas antes tê-los do que ver triunfar solenes, e sarcásticos, os eternos vilões.
A história precisou deles em muitas ocasiões, e foram muitos. 
Deltan e Moro estão entre os mais notáveis deste mutirão ético que dispararam certeiros, e com eles centenas de Procuradores, Juízes, Policiais, Auditores, e colaboradores que atacaram, sem precedentes, o crime coletivo — na ação e nos resultados — que vive de esbulhar o esforço comum da nação desde a sua origem, suprimindo o bem estar de todos.
Criou-se um padrão  com esta magnífica reação republicana, o povo foi às ruas, queriam mais e querem.
Agora o país não abre mais mão desta vigília, depois de restaurada a fé na República e na Justiça.
O preço daquele sono não vamos mais pagar, por tão destrutivo, injusto e literalmente mortal.
O crime, o poder viciado no combustível da corrupção continua revidando, e mesmo agonizante vai combater — o torpe e mal combate — qual a célula cancerígena que quer sobreviver à saudável, à vida, parasitando e matando o organismo.
Estão eles até aos gritos, conclamando o povo com dissimulações, assacando calúnias, infâmias contra todos os dignos agentes da chamada Lava Jato.
E são manifestas as manobras para enfraquecer a Justiça efetiva destes novos tempos, as garantias legais, jurídicas, institucionais sofrem ilegítima e imoral pressão, e estão sob ameaça e perigo iminentes. Algumas já envidadas nas noites e longe da luz da vigília cidadã.
Que os fatos e a verdade vão resistir ao sofisma calunioso, que as provas e as certezas estão cristalizadas na consciência de todos é evidente, mas garantir os resultados, com a mudança efetiva do país, demanda eterna vigilância de todos.
Pois cada ofensa maldita, cada abuso infame contra a honra, a verdade e a Justiça dos que cumpriram o seu mister, apenas reforça a convicção dos homens de bem, e bem identifica os heróis e vilões. 

UM NOVO DIA

Fim de Domingo. Meu boa noite a você.
Descanse, repare o seu cansado corpo e sua alma triturada pelas fadigas da carne e das tristezas, com um bom sonho.
Sim, porque o sonho é também o sono da alma.
Sim, porque a tristeza não resiste a um despertar.
Não apenas repare-se, não apenas reforme-se na noite inconsciente, nasça novamente, como o novo dia.
Que sempre insiste em buscar o sol, receber a brisa dos ventos, o perfume das flores e o cantar dos pássaros, mesmo tendo vivido uma noite de tempestades e sem estrelas.
Um dia sempre será diferente do anterior, se faça assim, não existe coerência na vida, senão viver.
Esqueça o que você foi, pense nas opções ilimitadas do que você pode ser.
Rompa com a coerência de ser apenas o pesar das suas más escolhas.
Faça-as outras, novas e noutras direções.
Se libertando dos erros, dos remorsos, das culpas, das raivas e da ideia de infalibilidade que seduz todos nós, estes ingênuos e desimportantes ruídos de uma sinfonia que vai ser sempre alegre e infinita.
E no mais genuíno improviso.
Afinemo-nos pois, podemos cantar esta música com a mesma harmonia, que quer ser apenas uma felicidade.
Um novo dia.

NÃO SÃO ECOLOGISTAS, SÃO ECOILOGISTAS

Denunciam os peidos e arrotos bovinos, e aos domingos se fartam nos churrascos.
Maldizem o agricultor e suas plantas, pelo consumo das águas, e aprodecem seus rios e mares com o esgoto e lixo tóxico das cidades.
Não querem pastos nem grãos, nem frutas plantadas, querem florestas, índios, natureza intacta e frutos pendentes.
Mas não despem suas grifes, jamais viveriam da caça, da pesca e abastecem suas geladeiras no mercado da esquina.
Gritam contra a lenda do excesso de agrotóxicos, mas não abrem mão de seus celulares, notebooks, veículos de última geração e comodidades da tecnologia.  Todos produzidos com química sintética e potenciais despejadores de lixo tóxico e até radioativo.
Ficam doentes, mas não procuram o Pagé e suas plantas, ao sinal de dor ou infecção querem todos os recursos da medicina e os alopáticos de efeito instantâneo.
Eles não são os ecologistas, são os ecoilogistas.
E se estiverem lendo e esbravejando contra este texto, é porque estão consumindo as mais avançadas invenções da civilização humana, que transformou a vida no planeta.    

OS HERÓIS, QUANDO HOUVER, SEJAM OS PROBOS

A reação do poder criminoso, no poder, era esperada.
Um servidor, um Juiz, abre o acesso às cadeias aos  poderosos, mas eis que alguns pedem a sua prisão(sic).
Por prevaricação, por sua covardia ou leniência neste embate?
Não, porque o seu rigor teria excedido em zelo e implacabilidade na punição, porque rompeu a contumaz corrupção da aristocracia política que nos vampiriza desde a fundação da República, e porque ousou prender os que detinham as chaves do poder e do dinheiro público, e estavam à frente de um grupo político e seu projeto.
Desde Barrabás, o que leva parte das massas a se aliar e manter empatia com quem a imola?
A Nação precisa de leis inflexíveis, não de heróis, e quando houver que não sejam os que as violaram contra os interesses dos demais, contra o interesse público, e que se apropriaram do esforço comum e ocupam as cadeias por seus ilícitos.
A corrupção não faz apenas estragos reais nas contas da saúde, da educação, justiça e bem estar social.
Destrói em algumas pessoas o senso ético, trocado pelo engajamento político e ideológico cego.

INSUSTENTÁVEL É A FOME

Aos que insistem em jogar pedras em quem produz alimentos no país. E fazem coro com interesses de quem já exauriu as reservas naturais, padecem com baixa produtividade e perdem mercado para os novos fornecedores da sobrevivência, os emergentes.
Aos que desconhecem a dificuldade de produzir com qualidade e quantidade, e desinformados da dedicação e profissionalismo dos que fazem, comprometidos com os seus meios, que são o capital essencial do seu trabalho e produto.
Aos críticos de quem produz carne, grãos, legumes e frutos no país. E creem que a pecuária extensiva, do nosso saudável gado à campo, e que produz a carne mais natural do mundo, não é sustentável. Insustentável é a fome. 
A necessidade pariu culturas, hábitos e em alguma medida, a ética dos povos.
O Japão, força econômica e tecnológica, de nação numerosa e raízes seculares, confinada em um arquipélago limitado, alimentou sempre a genialidade e disposição ao trabalho de seu povo com a proteína vinda dos frutos e peixes do mar abundante. Matam até baleias, para o nosso pesar.
A China, de bilhões de bocas, no pódio das economias mundiais, com uma cozinha heterodoxa e diversificada, busca proteína até nos insetos.
Os países densamente povoados, sem Agricultural Fields, e com a lei natural da produção decrescente da terra, e sujeitos às patologias das criações animais confinadas, processam seus alimentos e estimulam as hortaliças e vegetais de ciclo curto, rápida produção e baixo custo (chamam de sustentável).
Da época em que o homem peregrinava e caçava todos os dias, ou se servia dos frutos selvagens pendentes, até descobrir a germinação das sementes que a sua natureza descartava ao redor de suas cavernas, e que poderia também aprisionar a caça viva excedente, lhe garantindo uma reserva, o salto foi imenso, sobrou-lhe tempo para pensar, fazer novas ferramentas e para o ócio criativo. Afinal, ele tinha o seu pomar e suas galinhas.
O desafio sempre foi produzir à frente da própria necessidade. 
Não culpem quem coloca comida à nossa mesa pelo aquecimento, pelo esfriamento, pelo tamanho dos oceanos, pela camada de ozônio, ou qualquer nova epifania de tragédia ambiental, são eles que nos mantém vivos. 
Ontem, domingo, comi meu churrasco tradicional, saboreando uma das melhores carnes do mundo, como convém a quem reside e vive na capital do pantanal, destes nossos vastos campos produtivos, onde estou há mais de quarenta anos, e onde também colhi minha esposa, filho e filha.

O nome Campo Grande não é fortuito.

MUDEM, OU AS RUAS CERTAMENTE VÃO FAZER ISTO

O dono de uma das maiores empreiteiras do mundo e o ex diretor da Petrobrás denunciaram, e confessando crimes próprios, aos brados :
— A POLÍTICA NO NOSSO PAÍS SEMPRE FOI ALIMENTADA PELA CORRUPÇÃO!
E conclamaram :
— ONDE ESTAVA A IMPRENSA, ONDE ESTAVAM TODOS?
30 anos, pelo menos, o modus operandi da propina , do conchavo para desvios de recursos público, da sangria da Nação, da carne e do suor do povo que produz.
Dinheiro que, desviado, negou leitos para hospitais, que matou gente nas filas do SUS.
Dinheiro que fechou escolas, vagas de trabalho, entregou nossas ruas ao crime e à violência.
Dinheiro que matou crianças de fome, de dengue, de zica, e tantas desgraças que poderiam ter sido eliminadas das nossas vidas.
Dinheiro que abasteceu a vida nababesca de tantos que ainda continuam aí, desfrutando do poder. 
E que não arredam da realização do sonho de todo crápula : que é colher onde nunca plantaram, e furtivamente juntar tesouros com o trabalho alheio. Aquilo que todo ladrão faz.
Ora, então o povo treme ao ouvir o clichê de que  "tudo é uma questão de articulação, negociação, de acordo, do exercício democrático do entendimento".
O povo têm repulsa, mesmo paura que e é avesso a estas expressões, porque elas parecem dizer mais do mesmo, ou seja, tudo será como antes.
Mesmo o país tendo vivido, nos últimos anos, um sopro forte e renovador de ventos de esperanças, com a operação Lava Jato, que ainda tenta fazer uma faxina definitiva nesta farra criminosa que contaminou uma boa parte da política. Com instituições que devolveram um pouco da credibilidade à nossa democracia, e que lutam ao lado do povo para mudar as coisas, o povo teme ainda. E não consegue ouvir mais estas expressões sem sobressaltos
Sei que há injustiça na generalização, sei que existem bons políticos com boas práticas e honestidade, sei que pode haver boas intenções nestas expressões, mas não bastam mais ao povo. A política dominante têm que demonstrar serviço ao país.
Não bastam mais promessas e discursos, o povo quer sinergia republicana e ética nas ações.
Que têm sobrado em muitos magistrados de carreira, promotores, procuradores, policiais federais, auditores da receita, e que fizeram surgir personagens admirados, cultivados como símbolos destes novos tempos de esperança.
Não que o povo os queiram como heróis permanentes, mas foram aclamados assim porque com tanta infelicidade o país precisava desta iniciativa. Precisava de gente disposta a enfrentar esta causa de todos, e que tivesse algum poder para fazê-lo.
Não, a nação nunca desejou a intervenção militar, a vocação do nosso povo é claramente democrática, plural, com o indivíduo, sua liberdade e bem estar no centro das decisões, na construção de uma sociedade livre e que premia o mérito e o trabalho. 
Mas desacreditou na democracia caricatural que a nossa política sempre entregou à Nação. 
E acabou até desejando a intervenção, como já fez uma vez, como uma saída, uma libertação, uma tentativa de resgate do próprio Estado, da República.

— Senhores, não apenas tentem mudar a maneira de fazer política.

— Mudem, ou as ruas certamente vão fazer isto.

ESTRANHAS EMPATIAS

Que almas são estas que amam as causas distantes, remotas?
Brigam pela pretensa terra indígena, e desprezam a família do agricultor que a tornou produtiva.
Que ali plantou seus filhos e sua vida.
Num país que foi colonizado há dezenas de séculos e que apresentou nos seus primórdios, silvícolas nômades, coletores e que hoje, a quinta geração deseja as cidades, a educação, a saúde e o conforto da tecnologia.

Brigam ainda pelos que querem terra, mesmo não sendo produtores, e apoiam a deflagração das invasões contra quem, há muitas gerações, vivem do labor agrícola. E sofrem com a dificuldade de produzir, onde seus avós deixaram suas vidas pela força primitiva de seus braços, para transformar matas em pão. Que  alimentam todos de grãos, riquezas e carnes.

Brigam e choram, e legitimamente, pelas crianças foragidas de outras nações, e se comovem com o périplo de seus pais que arriscam em desafiar as fronteiras para viver melhor. Mas pouco se detém com a crueldade que sofrem às suas vistas, nas ruas de seus mesmos países, onde são maltratadas, onde divagam em morros paupérrimos, sem escola e sem lei.
Mas tiranos são os outros reis, de outros povos, que ousaram oferecer melhor vida de farto consumo aos seus, e só aos seus.

Brigam também e empunham com sangue nos olhos a causa ecológica, juram que há abusos nos meios de produção agrícola, excesso de veneno, de contaminação dos rios e das matas, mesmo que os fatos as desmintam. Mas de suas janelas apreciam os rios mortos de suas cidades, o lixo químico de seu consumo tecnológico, descartado nas ruas, nos ares esfumaçados das suas planícies de concreto, entulhadas de carros e sujeira tóxica de seu predador consumo, e prazer.



TROMBETAS, SÓ AS MÍTICAS DO GRANDE LIVRO

Faça o seu melhor, realize a perfeição da sua aptidão potencial, como filho, como pai, como irmão, como esposo, como amigo e como profissional. Ainda assim não terá feito o suficiente, mas terá realizado o mister de todo homem que é lutar nos limites da própria força. A sua espada é curta, não vai transformar o mundo, mas se unirá a quem tem o mesmo desejo. A outra opção é se quedar, se acovardar, se omitir e apenas apontar os obstáculos, os erros, as montanhas, os problemas e as dificuldades. Esta consciência não é privilégio de nenhuma alma, é a denúncia contra a própria derrota, contra a assumida inércia, incompetência, fraqueza e que se conforta com o exercício da crítica, estéril e improdutiva, ao invés de empregar o próprio braço à luta, à superação.