Um blog pessoal para compartilhar ideias com amigos e familiares. Todos os posts de autoria exclusiva do autor, e eventuais citações de terceiros com nomes dos respectivos autores e/ou textos destes em destaque. PauloCCSaraceni

AUMENTAR AS PENAS QUE JÁ NÃO SÃO APLICADAS EQUIVALE A AUMENTAR A IMPUNIDADE, APENAS

A explosão de violência havida em São Paulo provocou a mobilização de todos para a solução do problema de segurança do país.
Muitos já se acham tentados em resolver a situação com a chamada "canetada", votando novas leis, a pretexto de endurecer o sistema, quando o problema é estrutural.
Qualquer profissional da área jurídica, ou mesmo da própria segurança, sabe que mais do que a exacerbação virtual da pena é a certeza da punição que intimida o criminoso. Especialmente quando o Estado submete o delinquente a cumpri-la cabalmente, sem desumanidade, mas também sem regalias ou concessões.
Frouxidão legislativa à parte, o que a sociedade necessita é de resposta efetiva e imediata, através do aprimoramento dos aparelhos de segurança, de investimento na estrutura carcerária, e no próprio Poder Judiciário.
O policial, na trincheira da defesa da sociedade, no corpo a corpo com o crime, necessita de qualificação e proteção.
Esta primeira virtude se busca através de rigorosa seleção, treinamento e aperfeiçoamento contínuo, a par de uma permanente atualização dos aparelhos de serviço.
A segunda pela valorização da sua atividade, por meio de salários atraentes e garantias a si e a seus familiares(securitárias e previdenciárias), de forma a atrair os melhores e os efetivamente vocacionados para o processo seletivo, o que constitui mais que um estímulo, mas uma natural imunização da corporação à corrupção.
À par disto, a estrutura carcerária deve responder aos anseios da efetiva política penal, oferecendo os diversos regimes de cumprimento da punição em face da gravidade de cada delito, bem como da periculosidade de cada criminoso, com a efetiva oportunidade de trabalho e ressocialização.
Por fim, todos estes investimentos nada representam se também não forem realizados no Ministério Público e no Poder Judiciário, para que sempre mais fortalecidos e independentes realizem cada vez mais a melhor Justiça Penal, na condição de detentores de maior autoridade e responsabilidade direta pelo sistema.
Ah, antes que eu me esqueça, ajudaria muito se, antes, a impunidade fosse  especialmente defenestrada de todos os círculos de poder, por mais altos e concentrados que sejam.
Seria exemplar.

A SAUDADE É TAMBÉM UMA BOA COMPANHIA

A internet têm me feito boas surpresas na forma de reencontros.
Velhos(as) amigos(as), antigos(as) colegas reaparecem depois de tanto tempo.
E com eles(as) as imagens do passado.
E nada como buscar na memória os dias passados.
Os muitos anos passados.
Essas lembranças são como o review de um bom filme e nos fazem boa companhia.
No refúgio deste intimista exercício, defronte ao computador nos momentos de descontração e descanso, acaba sendo uma boa terapia.
Mas nada a lamentar, só comemoração, do tempo que foi e do que se tornou.
Prazeroso é burilar lembranças e divagar com o destino : “e se tal não ocorresse?”, “e se aquilo outro houvesse?”, “como poderia ter sido?” , "por onde anda fulana?" , "e a turma do colégio?".
Enxergar não só os jovens rostos nas velhas amizades, mas suas almas sempre novas, translúcidas.
Boa saudade...E a certeza que recordar é quase tão bom como ter vivido...

A DÍVIDA PÚBLICA COM A SAÚDE


O Brasil pagou R$ 157 bilhões (157.000.000.000,00) somente de juros em 2005, e gastou , neste mesmo ano, R$ 7 bilhões com educação e R$ 33 bilhões com a saúde de todo os brasileiros. Esta revelação desoladora e trágica foi feita pelo respeitável professor titular da USP, Dr. Miguel Srougi, na FÔLHA de 24/02/06, em um indignado desabafo à página C5 daquele reconhecido jornal sob o título "Alguma coisa está errada por aqui" .
Creio que aqui seja importante você fazer uma pausa e reler com muita calma o primeiro parágrafo deste texto novamente para se dar conta da real calamidade que esta denúncia envolve: simples, o país pagou à banca, apenas à título de juros, cerca 400 % do que gastou com o seu povo em saúde e educação, isto é, recursos estes gerados por este mesmo povo na forma de impostos.
A nossa Nação pode prescindir destes recursos volatilizados em juros à revelia da saúde e da educação de seus cidadãos? Estes recursos perdidos não suprimiram nenhuma sofisticação na rede pública de saúde nem nas escolas públicas, como um tomógrafo novo para um hospital ou um computador de última geração para uma universidade. Na realidade produziram mortes por falta da mais elementar assistência médica, de leitos hospitalares, de medicamentos, e por desfalcarem as campanhas de combate às endemias que ainda assolam a nossa nação, bem como retardaram a inserção de milhões de brasileiros na própria cidadania ao negar-lhes o acesso primário à educação, vale dizer alfabetização, além de dar continuidade ao sistemático sucateamento das universidades públicas que sobrevivem a cada ano com uma verba que vem lhes retirando a qualidade não somente no ensino como na pesquisa, excelência tão proclamada outrora e fundamental ao desenvolvimento tecnológico do país. Existe algum projeto de futuro para um país que atrelado a uma prática econômica tão alinhada ao chamado grande mercado globalizado, e que produz universidades públicas sobrevivendo sucateadas e à míngua e hospitais públicos sob ameaça permanente de fechamento por falta de recursos? (na verdade o único mercado globalizado, todos sabemos, é o mercado financeiro onde os juros e/ou lucros não tem pátria)Para romper esta lógica, ou falta dela, resta agir como os grandes países, como os EUA por exemplo o qual muitos de nossos economistas e/ou políticos aplaudem e elegem como modelo econômico liberal por excelência, que investem prioritária e maciçamente nestas áreas.
A propósito, visitei o site da Organização Mundial de Saúde (World Health Organizationwww.who.int/en/), e num último levantamento de gastos públicos em saúde em diversos países, ano de 2002, descobri que a maior democracia do planeta investiu em saúde 23,1 % de seus gastos públicos gerais (que é a soma do desembolso público em todos os níveis, federal, estadual e municipal e demais instituições públicas), enquanto o Brasil neste mesmo período investiu 10,1 %.Isto considerando que o PIB americano é quase 20 vezes o nacional e conseqüentemente a receita tributária que compõe os recursos públicos daquele país é estrondosamente maior.
Para se ter uma idéia, no caso brasileiro, a carga tributária é de aproximadamente 35% (ou uma terça parte) do PIB nacional que se aproxima de 700 bilhões de dólares, o que significa dizer que cada ponto percentual de recurso público representa bilhões, não de reais, mas de dólares.
Bem, você pode estar pensando e até se conformando com a nossa situação terceiro-mundista e recusando a comparação com os EUA, pois bem, então vá até lá no site referido da Organização Mundial de Saúde e confira que reunidas as três Américas ocupamos os últimos postos nesta relação de gastos públicos com saúde, atrás da Guatemala (16,6%), do Paraguai (17,5 %), da Colômbia (20,4 %), da Costa Rica (24,4 %), e da maioria dos países do nosso continente americano.

JAZZ, ACIMA DE TUDO A PERFEIÇÃO INSTRUMENTAL

O berço parece inegável que foi New Orleans, hoje tristemente devastada por uma tragédia natural, o furacão denominado Katrina. Resultado da rica tradição musical da raça negra que usou a música para sublimar o sofrimento e gritar por sua liberdade no continente, e que produziu um universo de ritmos como o próprio samba em nosso país, bem como o Blues e o Negro Spirituals, sendo que estes dois últimos estão na gênese do próprio Jazz nos EUA.
Um elemento fundamental no Jazz é o improviso, a criação sobre um tema musical sem perder de vista a linha principal da própria canção com variações instrumentais que a enriquecem em arranjos e acordes . A beleza está no virtuosismo e na performance dos músicos na execução da música, as chamadas Jam Sessions.
Minha afeição e gosto pelo Jazz vem da minha especial atração pela música instrumental, rica de sopros (sax, trompete e clarinete).

Faz muito bem aos ouvidos e à alma o sax de John Coltrane, Stan Getz e Dexter Gordon , os trompetes de Miles Davis, Chet Baker e Dizzy Gillespie, o piano de Duke Ellington , a guitarra de George Benson e a voz de Billie Holiday, entre outros.
Você que quer descobrir e apreciar pode começar pelas Big Bands , algumas muito populares nos EUA nas décadas de 30/40/50 e até 60 do século passado, executando um Jazz com swing dançante e muita riqueza instrumental, algumas delas fizeram sucesso mesmo em nosso país como Glenn Miller e sua Orquestra, que com o seu estilo e arranjo inconfundível contaminou as nossas orquestras nacionais que reinavam nos salões de baile da época, como a inesquecível Pedrinho e sua Orquestra Guararapes, da minha terra natal. E como Pedrinho e muitas outras no interior de São Paulo, por todo o Brasil floresceram muitas orquestras e conjuntos musicais que praticamente desapareceram.
Além de Glenn Miller, outras Big Bands popularizaram a música instrumental, um Jazz com ritmo dançante e sem a performance do improviso, como Benny Goodman, Les Brown, Charlie Spivak, Artie Shaw, Jimmy Dorsey, Stan Kenton, Tommy Dorsey, Count Basie, Harry James, entre tantas.


(OBS: as ilustrações são cópias de estampas da minha discoteca particular)