Um blog pessoal para compartilhar ideias com amigos e familiares. Todos os posts de autoria exclusiva do autor, e eventuais citações de terceiros com nomes dos respectivos autores e/ou textos destes em destaque. PauloCCSaraceni

EU VIVI, NÃO ME CONTARAM

Generalização não explica nada, é conceito raso. Sei que nem todo político é corrupto, mas cabe ao sistema ter defesas e ter vigor contra a corrupção. Também sei que o militar, identificado com o uso da força, não é sinônimo de violência, aliás a maioria que conheço, vocacionados nos serviços de defesa e policial, realizam um trabalho com mais patriotismo, espirito comunitário e justiça do que muitos civis. 
A intervenção militar de 1964 criou alguns estereótipos, um deles é que todo militar torturava e outro é que a guerrilha e toda a esquerda queriam a democratização. Nenhum, nem outro, os militares intervieram porque a falência da política em lidar com a Nação fez o povo conclamar esta saída. 
O Brasil afundava num caos ético, social e econômico, as instituições democráticas por aqui não respondiam às aspirações nacionais. Os guerrilheiros pegaram em armas não para restituir o poder civil ao país, mas para impor a ideologia comunista, estatizante, o absolutismo do Estado em que os modelos eram a China, a URSS e Cuba. E foram até financiados por eles. Havia uma guerra, então, deflagrada pelas ações de terror da guerrilha, com assalto a bancos, sequestros, assassinatos, atentados às forças legais e instituições, e as forças armadas foram chamadas ao confronto. Morreram muitos brasileiros, e outros tantos sofreram nestas linhas de frente, ou foram imolados em fogo colateral. A verdade não tem apenas um lado, só a história.
Não desejo a volta dos militares, desejo a Democracia, assim, com D maiúsculo, e não acredito que ela se realiza ou tenha boa perspectiva no país com os projetos dos partidos e grupos que dominam o cenário político nacional, o fundão partidário abonou com bilhões, de recursos públicos,  o caciquismo e instrumentalizou os atuais donos do poder. Têm tantas faces estes desvios da política por aqui que não é possível relacionar em um texto curto. 
Mas fico com a minha vida, que certamente tem pressa — ex  vi  da minha idade e as gerações de meus filhos e netas que avançam — e com minha experiência que não se engana com discursos, e com a possibilidade de um choque de realidade, de uma resposta que pode até ser um erro, porque se não existe um candidato à perfeição do que desejo, que seja então um que confronte o poder, e rompa a rede de influência que domina o aparelho democrático distante da vontade do cidadão. 
Os militares deixaram uma logística em energia, transporte, tecnologia e educação que faz inveja a todos os governos civis que tivemos, e não conheço nenhum dos generais ou comandantes da intervenção que tenha na sua biografia a acusação de ter morrido rico, ou tenha beneficiado a seus familiares com a corrupção. Eu vivi, não me contaram.
Talvez isto explique o desprestígio que a Democracia tenha junto ao nosso cidadão e leve o eleitor, como eu, a escolher um nome avulso, fora dos círculos mais notórios e sem os vícios conhecidos do compadrio político, mas com real possibilidade e que esteja disposto a romper com um sistema ilegítimo que apenas se alimenta do sufrágio democrático para locupletar os próprios interesses. O cidadão busca a utilidade do seu voto, que tem sido indevidamente utilizado pela maioria dos mandatários, que imolam a Democracia e a República.