Um blog pessoal para compartilhar ideias com amigos e familiares. Todos os posts de autoria exclusiva do autor, e eventuais citações de terceiros com nomes dos respectivos autores e/ou textos destes em destaque. PauloCCSaraceni

SÓ OS QUE AMAM ENTENDEM.

Estar no estádio, com 50 mil outras pessoas, gritando o nome do mesmo time, vendo aquelas cores, aquele ruído, aquela luz, aquela emoção que só o futebol tem, é uma destas sensações únicas.
O Morumbi estava lotado, tinha uma névoa fina, uma fumaça que confundia e condensava um pouco a intensa luz dos holofotes. Estava lá eu e meu filho e no campo o nosso São Paulo.
Fazia um pouco de frio mas o estádio parecia um vulcão de gente, e entrou em erupção junto com a entrada do time.
Primeiro o Rogério Ceni, o goleiro correndo, e seguido pelos demais jogadores, desde o túnel até o centro do campo, diferente das outras vezes.
Ganhamos e perdemos, porque a vitória de 1 X 0 não foi suficiente para irmos à final da Libertadores.
Mas foi uma vitória de uma paixão, que compartilho com meu filho, nascida desde que chutei a primeira bola de capotão, nos campos de terrão no interior de São Paulo.
Lá naquele Morumbi, onde vi Pedro Rocha numa improvável vitória contra o Santos de Pelé, onde vi Pablo Forlan, Terto e tantos outros com a camisa tricolor, uns de fino trato com a bola e outros com a raça do boleiro, eu retornava para ver uma nova geração ao vivo, contemporânea do meu filho.
Impossível não se emocionar, e não gostar de toda aquela festa.
Só os que amam o futebol entendem.

SAMBA DO BIXIGA

Ninguém cantou São Paulo como Adoniran Barbosa, aliás, João Rubinato era o verdadeiro nome deste paulista de Valinhos, filho de italiano que adotou a cidade de São Paulo como seu domicílio definitivo.
Se vivo fosse faria 100 anos neste último 06 de agosto, e foi justamente homenageado pela cidade com a qual se identificou como ninguém.
Todos os jornais, por estes dias, falavam de suas músicas, do seu estilo inconfundível de caipira da metrópole.
O sotaque macarrônico que imprimiu aos seus sambas virou marca registrada, e acentuando propositadamente os erros de português criou frases imortais como “Se o sinhô num tá lembrado dá licença de contá”.
Boêmio, rodava pela noite de Sampa onde, nas suas palavras, se sentia como “A lâmpida e as mulheres são as mariposa”.
E buscando sempre uma boa noitada reclamou uma vez assim: “O Arnesto nos convidou prum samba ele mora nu Brás, nóis fumos e não encontremo ninguém”.
Imortalizou um trem e uma singela estação de subúrbio na sua poesia ingênua.
Fez todo mundo cantar como miseráveis, perdidos na grande cidade, e despejados de um velho cortiço, mas celebrando uma amizade solidária, incondicional.
Ator, humorista consagrado dos famosos programas de rádio da época, com auditório e orquestra, jamais abandonava o terno, o chapéu meio surrado e a gravata borboleta.
São Paulo teve seu Carlitos.

TENTANDO BLOGAR NOVAMENTE.

Nada de novo no front.
Vou tentar ter mais tempo para escrever no blog, um prazer que desejo retomar.
Abri as asas e estive em Sampa este fim de semana, fui ao Bixiga, revi as cantinas e trattorias que são a festa do paladar de todo descendente de italiano(dove si mangia bene e si parla molto, e con la mani).
Eu e meu filho comemos uma perna de cabrito com brócolis, acompanhada por um Montepulciano d'Abruzzo, sob a trilha sonora da boa música napolitana.
Na 13 de Maio corria a festa de Nossa Senhora de Achiropita, muita gente pelas ruas, muita pasta e calabresa feita pelas mãos generosas das mamas que se empenham em um trabalho voluntário e social.
Fazia frio, pouco, mas o suficiente para degustar um tinto da região dos meus ascendentes.
São Paulo é rica em tudo, em oportunidades, em diversidade, em cultura, e a paisagem urbana é um mosaico exclusivo, do centro velho ao novo, dos velhos casarões e sobrados às imensas avenidas com prédios modernos.
É única, e mesmo com tantos problemas, é sedutora.