Todo início de mandato é assim. Muitos dos que entram reclamam das dificuldades de caixa e os que saem proclamam que fizeram uma grande gerência.
Dificuldades que surgem apenas depois de eleitos, súbita e imediatamente após assumirem o posto da administração pública, porque durante a campanha eleitoral somente são vendidas e anunciadas facilidades e soluções.
É evidente que muitos herdam a insolvência de péssimas administrações.
Mas, na verdade, boa parte dos políticos não gosta de vinculação de receitas, e se for contas a pagar de outro concorrente pior. Aspiram ter saldo de caixa para novas obras, que levem originalmente sua marca, e para novos contratos com novos fornecedores, tudo à sua escolha e conveniência, justamente para exercer a sua influência e poder como governante.
Mas o ente Público, para manter a sua estrutura e os seus serviços essenciais, possui despesas correntes que transcendem a vontade política do governante, do administrador eleito.
E o que se assiste, de eleição em eleição, é o mesmo choro, a mesma ladainha.
Assim, reclamam e se insurgem contra a inflexibilidade dos orçamentos e suas despesas necessárias, propõem reformas na constituição para desvincular as verbas da previdência, da saúde, da justiça, etc. Na verdade querem decidir sobre todas as liberações de recursos, não para racionalizar as despesas mas apenas para figurarem no pólo exclusivo do poder político de decisão, aumentando e assegurando o seu poder e influência, concentrando a autoridade do Estado nas mãos como instrumento de cooptação.
Seriam excelentes administradores se fossem gerentes apenas, mas a luta e a preservação do poder político, não da boa política, demanda influência, poder de decisão sobre os recursos públicos, justamente para atender os anseios do seu grupo de poder, distribuir favores e para cooptar apoios.
E uma democracia que se serve do trabalho de seu povo, na forma de impostos, para assegurar e instrumentalizar o poder político aos seus ditos representantes, e não o exclusivo interesse deste povo, frauda a vontade popular.
Até quando?
Em tempo: Muitos na verdade jogam para a platéia, desmerecem a administração anterior, pintam o pior dos mundos, para se apresentarem ao final como os salvadores da pátria. E de eleição em eleição nunca largam o osso.