Um blog pessoal para compartilhar ideias com amigos e familiares. Todos os posts de autoria exclusiva do autor, e eventuais citações de terceiros com nomes dos respectivos autores e/ou textos destes em destaque. PauloCCSaraceni

A REFORMA NECESSÁRIA

Alguém realmente acredita que uma reforma constitucional ou mesmo uma nova constituinte vá atender o interesse nacional, o efetivo interesse do povo brasileiro?
A Constituição, no verdadeiro Estado Democrático de Direito, é intangível porque é garantia à Nação, e seu valor reside mesmo na sua imutabilidade vez que não se conforma à vontade dos governantes nem aos arroubos de quem exercendo qualquer poder ou função pública, legitimados e limitados mesmo por ela, queiram manipulá-la, subjugá-la ou enfraquecê-la.
A Constituição de 1988 pode até parecer ingênua em algumas de suas formulações, enunciando aspirações, mas nasceu inspirada em valores absolutamente republicanos, e tem sido a garantidora do regime de liberdade e do equilíbrio pleno de poderes em que hoje vivemos, que tem possibilitado à Nação a fiscalização democrática do Estado.
Aliás, nos recentes episódios em que afloraram uma vasta rede de corrupção na política nacional restou evidente que a Lei Maior tem sido a garantidora do funcionamento pleno das Instituições Democráticas, entre tantas por consolidar um Ministério Público forte e uma plena Liberdade de Imprensa imprescindível à necessária assepsia do poder.
Se há o que reformar são os quadros da República, defenestrando do poder aqueles personagens inadequados à nossa e a qualquer Democracia.
Se até nas votações comezinhas do Congresso é e tem ficado evidente a pressão da força do poder econômico e de outros interesses setoriais, quem financiará este Constituinte, quais forças atuarão atrás de si?
Mesmo que se declare tal poder transitório e exclusivo, certamente não atenderá aos exclusivos anseios da Nação, que nesta etapa da vida democrática já se reencontrou com uma Constituição amplamente garantidora, em plena empatia com o cidadão justamente por não se conformar à vontade e ao interesse de alguns.
A atual Carta Magna foi elaborada no desfecho de um processo histórico nacional, rompendo com anos de exceção democrática, quebrando um ordenamento jurídico de um Estado velho, distante da Nação, e por isto mesmo sob um espírito idealista, revolucionário e emocionado, com o concurso pleno do cidadão, razão de agasalhar algumas fórmulas tidas por sonhadoras, mas que projetam um país conforme a legítima vontade e vocação de seu povo.

E OS CORRUPTORES?

A Nação está atenta ao Congresso Nacional em face das denúncias gravíssimas que envolvem não somente alguns dos seus membros, mas figuras públicas destacadas.
Bem ou mal as CPIs estão buscando apurar os fatos, a opinião pública tem pressionado para que o corporativismo não prevaleça e resulte em impunidade, mas ainda tem sido pouco, muito pouco ante a gravidade dos fatos e o tamanho do escândalo.
Esta lista restrita de dezoito nomes certamente não alcança muitos que tiveram seus nomes envolvidos nos mesmos fatos, existem indícios e provas que devem ser apuradas e aí reside a sua importância: ela é apenas um começo de investigação, um ponto de partida, para fazer uma faxina ética nas nossas instituições, principalmente naquela que possui, ou deveria possuir, a missão mais representativa na nossa incipiente Democracia, o Congresso.
E uma pergunta tem que ser feita neste momento, já que apenas se cuidou dos eventuais corrompidos.
E quanto aos corruptores, quem pagou, quem criou os benefícios de caixa dois ou do chamado mensalão?
Este dinheiro fácil e farto que se esbanjou neste esquema é fruto de uma relação nefasta entre o interesse privado e o público, onde este acaba sendo apropriado por aquele na concessão de benefícios e privilégios imorais, que afora subtrair as riquezas do esforço comum da Nação gera o lucro injustificado para poucos, apenas comprometidos com as seus interesses pessoais - é a própria antítese da República.
Eles, os corruptores, certamente eram, ou são, os beneficiários principais, e é evidente que seus prêmios, contrapartidas ou vantagens desta espúria negociação se constituem no dano primário e maior à Nação.

ABAIXO A CORRUPÇÃO

É lamentável assistirmos o enredo triste que alguns dos nossos políticos impõem ao país.
Desrespeito às leis, às instituições e à ética de quem se esperava o exemplo e o espírito público para conduzir os interesses nacionais.
A grande oportunidade destes recentes e chocantes episódios é de que saibamos exercer a nossa cidadania doravante, nas urnas e na nossa permanente vigilância.