Um blog pessoal para compartilhar ideias com amigos e familiares. Todos os posts de autoria exclusiva do autor, e eventuais citações de terceiros com nomes dos respectivos autores e/ou textos destes em destaque. PauloCCSaraceni

NÃO ESTEJAMOS SURDOS A TÃO NEFASTO BARULHO

Não há palavras que descrevam uma descrença. Uma decepção. Uma indignação, a falência da própria marcha humanitária, ou de um grave mau passo civilizatório. 
Bom que seja assim, porque a literatura tem mais exercitado o avanço, o sucesso das virtudes. E ruim, porque estes venenos no mundo precisam ser dissecados, registrados como o exemplo da negação das virtudes, do lixo da história, a não serem repetidos. 
O país tem descoberto a cada dia, nestes tempos, tragédias produzidas não pelas forças naturais, mas por atos humanos, na espécie, sob incredulidade e espanto geral. Desvios de recursos não apenas da saúde, mas de vidas, estas que foram vendidas na feira da corrupção em forma de respiradores, hospitais de campanha, máscaras e confinamento. E uma suprema corte que produz a antítese de sua atribuição, a mais consolidada confusão jurídica, com invasão de atribuições, excessos que aterrorizam com rupturas, em exibições de poder e não de dever, e que pretende e insiste em defender a honra de seus membros com prisões e censuras, e reiteradas violações à Constituição, sua materna origem e credora de sua total legitimidade. 
Não nos calemos, o preço é barato, uma pechincha agora, seja qual for, mas impagável quando tivermos perdido o caminho, a liberdade, a esperança e as forças. 
E tudo por silêncio e inércia, e o grito dominador dos injustos será o único som. Com ele estaremos mudos, cativos da oratória e dos ruídos permanentes da força, da violência e da injustiça a que se acostumarão nossa audiência. 
Não estejamos surdos a tão nefasto barulho. 
Busquei cumprir todas as minhas missões, travei minhas modestas batalhas em todos os fronts, e empunhei firme a legislação nos Juízos e Tribunais, com a absoluta busca pela verdade, e da equidade de uma sentença justa, sem concessões à qualquer complacência ética. Corri contra o crime com a força da minha própria vida, armado com muito pouco mais que a minha coragem, em recursos sempre parcos e insuficientes para um justo combate. Mesmo nem sempre vencendo, nunca fui vencido, não nas minhas crenças. Numa troca de tiros, na captura de um delinquente ou na investigação de um grave mal feito, deixei um pedaço da minha alma, e hoje vivo com o que restou dela para o alento e exemplo à minha neta Cecília e ao meu neto Antônio, na certeza que não há outro caminho que não seja o da Justiça.