Não sou e nunca fui filiado a qualquer partido político.
E sei que a corrupção e os desvios de poder, as faltas éticas no seio da administração pública, não são peculiaridades, muito menos exclusividades, de qualquer agremiação partidária.
Mas esse esquema do "mensalão" foi aviltante, e a desfaçatez com que quiseram dissimular a sua existência ou contestar o seu julgamento, é mais uma impostura imoral e demagógica que é natural em grande parte dos nossos políticos, especialmente quando flagrados com a boca na botija.
O meu voto, as minhas preferências políticas, não me alforriam da minha consciência ética — não guardo fidelidade e nem fiz pacto com qualquer grupo político ou de poder, portanto não fico refém de um pensamento, ideologia ou apoio político incondicional no sagrado exercício da minha cidadania.
Assim foi que já votei em diversos partidos mas sempre, preferencialmente, buscando na minha escolha as virtudes pessoais do candidato, as ideias e as ações com as quais se apresenta no seu compromisso eleitoral.
Os teóricos da Democracia hão de contestar, garantindo que a representação legítima só se verifica através destas organizações políticas.
Mas por aqui faz sentido?
Temos uma diversidade de sopas de letrinhas no nosso repertório partidário, cardápio que vem aumentando com o tempo. Grande parte fundadas no absoluto arrivismo eleitoral.
E alguém se dispõe apontar uma delas, apenas uma, que guarde autêntica, irrestrita e permanente correspondência e obediência a aquilo que anuncia como programa de ação política?
Se hoje se descobre que o partido que sempre se apresentou como a vestal da moralidade pública foi, justamente, o que esteve envolvido neste infame esquema de corrupção denominado "mensalão"?
Prefiro a liberdade absoluta na outorga desta minha cara procuração, escolhendo a segurança do compromisso de um mandatário humano, real, dotado da percepção direta dos anseios do seu representado, e suscetível às tangências morais comuns a todos nós.
Afinal, a Democracia não se realiza plena quando mais direta, quanto menos intermediários entre a Nação e o Estado?
A tragédia por aqui é a indigência de quadros.
Afinal, a Democracia não se realiza plena quando mais direta, quanto menos intermediários entre a Nação e o Estado?
A tragédia por aqui é a indigência de quadros.
A classe política brasileira, com poucas e honrosas exceções, vem esbulhando este sofrido país desde o seu nascimento.
Por esta razão eu nunca comemorei tanto, por tão digno evento, a data máxima republicana como neste último dia 15: tivemos a prisão de ditos "mensaleiros", condenados por desvios e abusos de poder, por corrupção.
Parabéns ao Supremo Tribunal Federal, parabéns ao seu digno Presidente, Ministro Joaquim Barbosa, um sobrenome comemorado desde a fundação da nossa República.
Espero que novos eventos auspiciosos à cidadania se repitam doravante, não apenas em datas especiais, mas de forma cotidiana, e que resgatemos o país das mãos sujas e impunes de quem se serve da Pátria.
Viva a República do Brasil!