Um blog pessoal para compartilhar ideias com amigos e familiares. Todos os posts de autoria exclusiva do autor, e eventuais citações de terceiros com nomes dos respectivos autores e/ou textos destes em destaque. PauloCCSaraceni

VIVA A REPÚBLICA!

Não sou e nunca fui filiado a qualquer partido político.
E sei que a corrupção e os desvios de poder, as faltas éticas no seio da administração pública, não são peculiaridades, muito menos exclusividades, de qualquer agremiação partidária.
Mas esse esquema do  "mensalão"  foi aviltante, e a desfaçatez com que quiseram dissimular a sua existência ou contestar o seu julgamento, é mais uma impostura imoral e demagógica que é natural em grande parte dos nossos políticos, especialmente quando flagrados com a boca na botija.
O meu voto, as minhas preferências políticas, não me alforriam da minha consciência ética — não guardo fidelidade e nem fiz pacto com qualquer grupo político ou de poder, portanto não fico refém de um pensamento, ideologia ou apoio político incondicional no sagrado exercício da minha cidadania.
Assim foi que já votei em diversos partidos mas sempre, preferencialmente, buscando na minha escolha as virtudes pessoais do candidato, as ideias e as ações com as quais se apresenta no seu compromisso eleitoral.
Os teóricos da Democracia hão de contestar, garantindo que a representação legítima só se verifica através destas organizações políticas.
Mas por aqui faz sentido?
Temos uma diversidade de sopas de letrinhas no nosso repertório partidário, cardápio que vem aumentando com o tempo. Grande parte fundadas no absoluto arrivismo eleitoral.
E alguém se dispõe apontar uma delas, apenas uma, que guarde autêntica, irrestrita e permanente correspondência e obediência a aquilo que anuncia como programa de ação política?
Se hoje se descobre que o partido que sempre se apresentou como a vestal da moralidade pública foi, justamente, o que esteve envolvido neste infame esquema de corrupção denominado "mensalão"?
Prefiro a liberdade absoluta na outorga desta minha cara procuração, escolhendo a segurança do compromisso de um mandatário humano, real, dotado da percepção direta dos anseios do seu representado, e suscetível às tangências morais comuns a todos nós.
Afinal, a Democracia não se realiza plena quando mais direta, quanto menos intermediários entre a Nação e o Estado?
A tragédia por aqui é a indigência de quadros.
A classe política brasileira, com poucas e honrosas exceções, vem esbulhando este sofrido país desde o seu nascimento.
Por esta razão eu nunca comemorei tanto, por tão digno evento, a data máxima republicana como neste último dia 15: tivemos a prisão de ditos "mensaleiros", condenados por desvios e abusos de poder, por corrupção.
Parabéns ao Supremo Tribunal Federal, parabéns ao seu digno Presidente, Ministro Joaquim Barbosa, um sobrenome comemorado desde a fundação da nossa República.
Espero que novos eventos auspiciosos à cidadania se repitam doravante, não apenas em datas especiais, mas de forma cotidiana, e que resgatemos o país das mãos sujas e impunes de quem se serve da Pátria.
Viva a República do Brasil!

O GRITO DA DEMOCRACIA


O Grito - Edvard Munch

“Silêncio é bom para o sábio; e muito mais o é para o tolo” (Pessachim, Tratado da Ordem de Moed)

A democracia, que em nosso país se afigurava virtual, caricatural, pelo alheamento da classe política aos anseios da nação, se insinua real.
Estranho que se desperte, e tenha-se ensaiado antes em ruas virtuais, para depois pisar nos asfaltos das nossas sofridas cidades.
Então é tempo de se calar — todos se calam para se ouvir todos.
Ninguém fala por si, mas falam todos, e a mensagem foi clara, especialmente para que ninguém se aproprie dela.
Eis então que o poder, acuado, resolveu falar. Mas não era a palavra que faltava, faltava apenas uma voz, mas esta já havia tomado legitimamente as ruas do país.
Que apenas ouçam então, verdadeiramente, mantendo-se calados.
Façam como alguns notórios medalhões da vida política, que repentinamente buscaram se aconselhar no silêncio, e fugiram para a ausência.
Deixo, abrindo e fechando este curto texto, obsequioso com o silêncio que o momento ávido de ações impõe, as citações proverbiais da sabedoria judaica, da Torah, da Mishná, do Talmud e do Tanakh.

“Mesmo um tolo, quando segura a língua, é considerado sábio” (Mishlei Shlomo – Provérbios de Salomão)

IMPORTAR SAÚDE OU GOVERNO?

Importar saúde ou governo?
O título não pretende ser uma mera provocação, é pertinente e revelador.
Já que o governo teria anunciado, segundo noticia a grande imprensa, que para resolver a grave deficiência da saúde pública, pretende importar médicos, especialmente cubanos.
Medida que, se confirmada, seria uma confissão de incompetência, no mínimo.
E os doutores da ilha dos Castro e de outros países chegariam aqui prontos para assumir seus postos, dispensados pelo nosso governo do exame de qualificação profissional que é realizado pelo Conselho Federal de Medicina.
Aqui transcrevo parte do artigo do jornalista Augusto Nunes, que é uma denúncia sobre a temeridade dessa importação:

Também são 6 mil, miou na semana passada o chanceler Antonio Patriota, os médicos cubanos que o governo pretende importar para transformar o Brasil Maravilha num imenso Sírio-Libanês. 
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“A qualidade diminuiu e a doutrinação aumentou”. disse a jornalista Yoani Sánchez na entrevista a Branca Nunes publicada no site da Veja. “Hoje, quando um cubano vai a um hospital, leva um presente para o médico. É um acordo informal para que o atendam bem e rápido. Levam também desinfetante, agulha, algodão, linha para as suturas”.
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 “A medicina cubana é uma das mais atrasadas do mundo”, constata a repórter Nathalia Watkins na edição de VEJA desta semana. “”A maioria dos seus profissionais se forma sem nunca ter visto um aparelho de ultrassom, sem ouvir falar em stent coronário e sem poder se atualizar pela internet”. Vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital completa o diagnóstico sombrio. “Cuba gradua médicos em escala industrial com formação incompleta”, informa. “Pelos padrões do Brasil, os cubanos não poderiam sequer realizar procedimentos banais como ressuscitação ou traqueostomia”.

O Brasil não precisa importar saúde, temos quadros em número e qualidade que nos colocam entre as nações mais desenvolvidas, no contexto de produção de mão de obra médica com excelência acadêmica, técnica e profissional.
Temos hoje, inclusive, nos grandes centros do país, verdadeiros templos da melhor e mais sofisticada medicina que se pratica no mundo.
Lógico que são estruturas erguidas pela iniciativa privada, a peso de muito investimento e controle de qualidade, que oferecem um serviço médico com reconhecimento mundial.
Muitos dos nossos políticos as conhecem de perto, aliás, já se hospedaram por lá, e para onde acorrem no primeiro sinal de qualquer patologia. 
Como qualquer serviço de qualidade, só se mantém porque se remunera à altura dos custos que se impõe. Mas não pelo bolso dos políticos, vez que estes possuem as costas largas do dinheiro público para quaisquer emergências.
Esses hospitais de excelência que não foram erguidos para as “excelências”, foram construídos sob o esforço idealista e empreendedor de gente com absoluta aptidão para o serviço médico, muitos mantidos em regime de fundação, com profissionais que fazem da saúde um ministério de vida.
Planos de saúde escorreitos e pontuais, e pessoas que podem e escolheram pagar por qualidade de atendimento e serviço, são os usuários e mantenedores desses oásis médicos.
Não se reclama esse mesmo nível de investimentos nos postos de saúde e hospitais públicos, uma falácia em qualquer economia, bastaria uma gestão séria, efetivamente compromissada com o atendimento básico da população, oferecendo estruturas dignas, com a necessária valorização do profissional médico e instituição da carreira pública, garantia de sua fixação no interior do país.
Temos excepcionais escolas de medicina, formamos por aqui profissionais que se destacam mundialmente em todas as áreas específicas, aliás, com passos de desbravadores e pioneiros na própria ciência — e em número suficiente e crescente.
Falta-nos a gestão, aquela encontrada em muitos países, muitos com economia mais modesta do que a nossa, que já equacionaram os seus serviços públicos de saúde. Falta-nos o governo, eis a questão.
Esta realidade é bem denunciada no depoimento-desabafo do deputado, com formação médica, Luiz Henrique Mandetta, no vídeo abaixo:

ME FIZ PANTANEIRO

Em mim brotou e pulsa um calo desta terra, destas águas e matas,
Dos caraguatás, dos buritis, dos camalotes, das  piúvas, bocaiúvas e acuris,
Das bocas de sapo que espreitam nas várzeas dos corixos,
Onde pisam  pacas, cotias, capivaras, a onça e os quatis.
Grandes rios,  estradas vivas, selva dos cacharas,  dos curimbas , das piranhas e  dos jacarés,
Me reinventei   com essas ervas  que brotam espontâneas em saldos de nascer, de suas renovadas enchentes,
Nos cheiros  dessas verdes paisagens, de infinitas águas ,  e na cuia do tereré.
Vim moço,  febril de coragem,  no  trem noturno  sobre os antigos trilhos da noroeste, desde a velha estação de Guararapes,
E renasci   sob este  ardente  sol,  mergulhado nestes doces mares, claros e escuros, das chuvas  que aqui são muito  mais tropicais.
Mirava a vida e encontrei  o belo grito das araras —  das vermelhas e azuis,
E a música das seriemas, o vôo livre dos jaburus,  das garças, das cabeças-secas e dos coloridos cardeais,
E  minha Vanda morena, Cunhataí Porã,   cenra do meu amor, que comigo colheu Paulo e Natália.
Hoje, mesmo envelhecendo dentro da  sua grande cidade, me inspira o silêncio das tuas úmidas matas próximas,  alma do Chaco,
Couto de tanta vida, num mar de horizontes verdes e infinitos pastos — meu refúgio recorrente.
Paulista, eu me fiz Pantaneiro.

SENTINELA DA CIDADANIA

O “Mensalão”, aquele que “não existiu”, foi enfim reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de Ação Penal do Ministério Público, como um esquema de corrupção para cooptação de apoio político.
E a ultima instância de Justiça do país, por maioria absoluta de seus membros, condenou não apenas líderes político- partidários, mas também funcionários públicos e agentes da iniciativa privada que contrataram com o Estado, em uma teia de dissimulações e desvios de poder que culminaram em várias e diversas ilicitudes.
Nunca antes neste país uma condenação contra a corrupção foi tão emblemática, veemente, com tanta ressonância junto à população e envolveu personagens tão poderosos, aproximando o Poder Judiciário do cidadão, e ao seu senso de Justiça.
É evidente que a corrupção não é peculiaridade nem exclusividade de uma agremiação ou partido, ela é uma chaga na política nacional, transcende o discurso ideológico e é visceral a qualquer projeto de poder absoluto, sem controle.
E não será incensada por discursos ou boa vontade dos políticos, de qualquer espectro ideológico, sequer por agremiações partidárias que se anunciam como vestais da moralidade pública, senão pela efetiva atuação da cidadania.
A corrupção não é inerente ao poder mas é uma das suas vicissitudes, como é o abuso que assedia e seduz o homem que logra algum poder ou autoridade sobre os demais.
A eterna vigília é o preço permanente de uma República Democrática — e o único antídoto contra a corrupção.
Desde a Constituição de 1988 uma instituição tem desempenhado um decisivo papel neste desvelo, o Ministério Público, que ganhou poderes legitimamente republicanos, altruísticos, nesta nova Carta Magna.
Suplementar e concomitantemente — e muitas vezes em conjunto — aos demais órgãos investigativos, especialmente a Polícia Federal que tem realizado resultados profícuos em suas diuturnas operações,  o Parquet tem se constituído em  sentinela da cidadania.
O Fiscal da Lei, do interesse coletivo, da moralidade pública, e patrono das causas caras à cidadania, está sob séria ameaça e na iminência de sofrer uma ação letal, que resultará no seu enfraquecimento institucional.
Tramita no Congresso uma proposta de emenda constitucional que pretende retirar do órgão — que tem provocado permanente terror nos maus agentes públicos — os poderes investigatórios, a qual, se aprovada, terá como consequência o esfacelamento de sua legítima função.
Você pode se manifestar contra esta tentativa, subscrevendo o abaixo-assinado e registrando o seu repúdio contra esta proposta — que não atende aos interesses do povo, do cidadão brasileiro.