Descarrilou.
O bondinho de Santa Teresa.
Tombou, matou seis pessoas.
E feriu mais de cinco dezenas.
O motorneiro, qual capitão de barco na iminência do naufrágio, tentou salvá-las, ficou no comando até o fim, e também morreu.
Tentaram culpá-lo, em vão. A legitimidade dos verdadeiros heróis populares não se rouba.
O bondinho não saiu dos trilhos antes porque o herói motorneiro contornava com a própria vida os riscos.
Tudo para servir.
E já havia denunciado o perigo.
Havia pedido o socorro.
A cidade, que vai sediar a Copa de Futebol e os Jogos Olímpicos, tinha outros problemas, e a voz do condutor se perdeu nos morros.
Agora o bondinho vai ganhar uma reforma, vai se modernizar.
Um novo condutor vai assumir.
Os motorneiros deveriam dirigir as cidades, os estados, o país.
Afinal, poucos como eles conduzem a população, e estão tão próximos do povo, fazendo a mesma viagem.