O Grito - Edvard Munch
“Silêncio é bom para o sábio; e muito mais o é para o tolo” (Pessachim, Tratado da Ordem de Moed)
A democracia, que em nosso país se afigurava virtual, caricatural, pelo alheamento da classe política aos anseios da nação, se insinua real.
Estranho que se desperte, e tenha-se ensaiado antes em ruas virtuais, para depois pisar nos asfaltos das nossas sofridas cidades.
Então é tempo de se calar — todos se calam para se ouvir todos.
Ninguém fala por si, mas falam todos, e a mensagem foi
clara, especialmente para que ninguém se aproprie dela.
Eis então que o poder, acuado, resolveu falar. Mas não era a
palavra que faltava, faltava apenas uma voz, mas esta já havia tomado legitimamente as
ruas do país.
Que apenas ouçam então, verdadeiramente, mantendo-se calados.
Façam como alguns notórios medalhões da vida política, que repentinamente buscaram se aconselhar no silêncio, e fugiram para a ausência.
Deixo, abrindo e fechando este curto texto,
obsequioso com o silêncio que o momento ávido de ações impõe, as citações
proverbiais da sabedoria judaica, da Torah, da Mishná, do Talmud e do Tanakh.
“Mesmo um tolo, quando segura a língua, é considerado sábio” (Mishlei Shlomo – Provérbios de Salomão)