Dos caraguatás, dos buritis, dos camalotes, das piúvas, bocaiúvas e acuris,
Das bocas de sapo que espreitam nas várzeas dos corixos,
Onde pisam pacas,
cotias, capivaras, a onça e os quatis.
Grandes rios,
estradas vivas, selva dos cacharas, dos curimbas , das piranhas e dos jacarés,
Me reinventei com essas ervas que brotam espontâneas em saldos de nascer, de
suas renovadas enchentes,
Nos cheiros dessas
verdes paisagens, de infinitas águas , e
na cuia do tereré.
Vim moço, febril de
coragem, no trem noturno sobre os antigos trilhos da noroeste, desde a velha
estação de Guararapes,
E renasci sob este
ardente sol, mergulhado nestes doces mares, claros e escuros,
das chuvas que aqui são muito mais tropicais.
Mirava a vida e encontrei
o belo grito das araras — das
vermelhas e azuis,
E a música das seriemas, o vôo livre dos jaburus, das garças, das cabeças-secas e dos coloridos
cardeais,
E minha Vanda morena,
Cunhataí Porã, cenra do meu amor, que comigo colheu Paulo e
Natália.
Hoje, mesmo envelhecendo dentro da sua grande cidade, me inspira o silêncio das tuas
úmidas matas próximas, alma do Chaco,
Couto de tanta vida, num mar de horizontes verdes e
infinitos pastos — meu refúgio recorrente.
Paulista, eu me fiz Pantaneiro.