"As árvores do Sul carregam um estranho fruto.
Sangue nas folhas e sangue na raiz.
Corpo negro balançando na brisa do sul.
Estranho fruto suspenso nos álamos"
(Abel Meeropol)
(Abel Meeropol)
Escuto a trágica poesia de Strange Fruit, que denuncia o cruel linchamento racial nos anos 30 do século passado, imortalizada na doce voz de Billie Holiday, que se despediu da vida aos 44 anos, e me pergunto como é possível canto tão belo e suavidade melódica em meio a tanta tristeza.
Nascido para ser mais que um canto de protesto ou lamento, para encarnar a própria melancolia, é assim também que sopram os metais, que pontuam os graves dos baixos, que percutem criativos os teclados dos pianos e, especialmente, solam extremados os violões e guitarras no blues.
A voz não apenas canta as frases, mas ponteia espiritualmente toda a melodia.
Ninguém escolhe interpretar blues, é escolhido.
E parece que aos grandes intérpretes não bastou cantar o drama.